Que brinquedo levar?
Relato de Alê (mediador brincante) ao arrumar a Mala de Recreio
com os brinquedos do acervo da Brinquedoteca
com os brinquedos do acervo da Brinquedoteca
. . . Ainda na Brinquedoteca, eu e
minha coordenadora revisamos a mala, ela querendo tirar um pouco dos brinquedos
selecionados e eu defendendo cada um deles, sem nenhum argumento plausível. Eu apenas dizia: "Esse fica!". Depois de algum tempo, ela vem com mais uma boneca
para a mala, que já estava abarrotada. Não cabe a boneca. Sempre que eu
ponho os brinquedos na mala fico imaginando que serventia eles terão para a
criançada, que grupo etário vai brincar com ele ou que grupo vai rejeitá-lo.
Embora saiba que “não é o brinquedo que determina a brincadeira” (cf.Benjamin), eu,
o adulto, impregnado de conceitos prévios, instantaneamente, busco uma função
para o brinquedo que escolho levar. Penso que, assim como fazemos nas escolhas dos brinquedos,
levamos esse nosso hábito pedagógico para a sala de aula e todas as demais atividades com que nos relacionamos com crianças. Levamos o
hábito de escolher o que é certo para a criança. Pensamos em conteúdos a partir
do nosso ponto-de-vista. Nesses 21 anos de contato com o magistério nunca fui a uma reunião de planejamento com a participação de alunos ou com
dados, sugestões ou reclamações desses alunos.
***
Ao cruzar o muro (das lamentações
das crianças) que separa o parquinho da Educação Infantil da
área do recreio dos Anos Iniciais, imediatamente ouço uma que exclama: “Olha a mala!” E logo outra que grita: “Tem corda!”
A corda sempre vai.
A corda que enrosca, enforca, engata e ensina.

Assim
como a roda e a escrita, a corda é uma das grandes invenções humanas. Sem ela, seria
impossível capturar e domesticar animais, navegar, transportar mercadorias ou
levantar pesos. A arte da cordoaria tem cerca de 20mil anos e, com tempo, se
tornou muito importante e cada vez mais sofisticada.
As
cordas podem ser torcidas ou trançadas e, antigamente, eram feitas de cânhamo.
Mas depois a fibra de coco, o sisal, o algodão, a seda e inúmeros materiais
orgânicos e sintéticos foram usados para fazê-las mais resistentes e adaptadas
a fins específicos.
A
linguagem do corpo nas brincadeiras de corda é vigorosa, rítmica, difícil de
ser traduzida para a escrita. A lição básica que fica é: ofereça cordas para as
crianças, ensine brincadeiras esquecidas, permita que se inventem outras. Entre
o brincar, o se exercitar e o trabalhar, a corda tem história, técnica,
ciência, e também pulsão, emoção e arte. Há muitos, muitos nós a aprender!
Sites
com brincadeiras de corda
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