TRAZENDO
O JOVEM DO ENSINO MÉDIO PARA A CONVERSA nesse espaço que
acolhe o corpo e a memória refletindo o lúdico como aprendizagem
do desejo.
Os
jogos são desejo... não o desejo de algo que falta mas o desejo do
instante que passa e do que está para surgir ... são puro apetite
de viver. (M. M. Bousquet)
Registro
da professora Sonia Sarmento que ministra a disciplina de Psicologia
do Ensino Médio profissionalizante ao trazer à Brinquedoteca os
alunos nesse rememorar o impulso lúdico e curioso que nos move a
explorar a vida ao acaso.
Percebi
que a unidade que estava trabalhando com os alunos – memória ,
conhecimento, inteligência, percepção e criatividade – poderia
ser a deixa para esse encontro na brinquedoteca.
Na
entrada do prédio da Educação Infantil, já percebi uma mudança
no clima da turma. Ao passar pelo corredor à procura da sala, houve
uma euforia inicial com a observação dos trabalhos coloridos dos
alunos expostos nas paredes. Ao entrar na sala, todos foram tomados
por uma imensa alegria.
Foram
quarenta minutos brincando. Ao final, a Cristina propôs falarmos uma
palavra sobre o brincar. Ficamos em roda e jogamos um saquinho de
areia para um deles, e esse aluno depois de falar uma palavra jogou
para outro, e assim por diante.
Ao
final, sentamos. Queríamos interferir o mínimo possível, pedimos
para eles falarem das brincadeiras da infância. Muitas lembranças,
todos tinham alguma história. Nenhum aluno lembrou da hora de ir
embora, passamos da hora!
Algumas
falas: “Eu entrava no mato. Não tinha medo de me machucar. “ “Eu
comia bicho de goiaba” “Meu avô inventou um carrinho. Todo mundo
pedia para ele fazer outro igual” “Eu não, eu brincava sozinha,
e agora aqui fui brincar sozinha com os blocos de madeira” “Eu e
meus primos ficávamos um tempão montando uma casa. Acabávamos
brincando com outras coisas que fazíamos. Agora é tudo pronto”.
Perguntamos
sobre outras atividades que também dariam esse prazer. Não falaram
de trabalho nem de escola. Perguntamos se eles achavam que no
trabalho poderiam conseguir isso. E na escola? Não faziam essa
relação. Então perguntamos se essa ideia não poderia se
constituir num desafio para nós. Os alunos disseram que eles é
que deveriam ir às salas dos professores, aos laboratórios, e não
os professores irem até as salas dos alunos. “Eu queria uma sala
assim, que desse para deitar.”
No
encontro posterior que tive com os alunos, todos comentaram que a
atividade foi muito boa, que poderíamos voltar à brinquedoteca
outra vez.