sexta-feira, 15 de novembro de 2019

PROJETO INTEGRAÇÃO “A infância até os doze anos”

 

O PROJETO INTEGRAÇÃO  A infância até os doze anos”  que acontece há muitos anos no ISERJ entre professores e supervisores destes segmentos, desafia o Laboratório Brinquedoteca ISERJ a agregar ações do campo das teorias e práticas lúdicas em diálogo com os parceiros buscando refletir questões sobre política e currículo, nessa arena de disputas.

CASINHAS E BAMBUS




















Referência:

SANTOS, N. O. ; MUNIZ, Maria Cristina S.  - O livre brincar na construção de um lugar seu- as brincadeiras de casinha. In: II Congresso de estudos da infância: politizações e estesias, 2019, Rio de Janeiro. II CEI 2019. Rio de Janeiro: UERJ / REDE SIRIUS / BIBLIOTECA CEH/A, 2019. p. 546.


Vídeo "JUSTIÇA"



terça-feira, 15 de outubro de 2019

INTEGRAÇÃO COM A AÇÃO EDUCATIVA DO CENTRO NACIONAL DE FOLCLORE E CULTURA POPULAR (CNFCP)


    Dois projetos itinerantes para escola: “Mala e Cuia”, com acervo de livros; e “Fazendo Fita”, com acervo de música e vídeos.
Com a disciplina Educação em espaços não formais (Pedagogia), os projetos educativos Mala e Cuia e Fazendo Fita foram trazidos para uma primeira imersão, escolher livros e assuntos do interesse de cada um e compartilhar no grupo. Assim, a ideia de desenvolver um projeto próprio acontece nesse processo, que inclui também a participação das crianças quando a disciplina integra os alunos da E. Infantil e Anos Iniciais nesses encontros. Os textos do material do professor do CNFCP, livros e vídeos do projeto1, juntamente com texto de Silvio Gallo2 e Daniela Maura ( a partir da leitura de Hannah Higgins, “Aprender e Ensinar como formas de arte”) 3 , próprios da disciplina, foram juntamente com essas conversas e encontros pontuando questões e alinhavando projetos.
1 Bumba meu Boi vídeo mais compartilhado https://youtu.be/yLo-3yKaslA
2 Gallo S. Do livro: ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite (orgs.) O Sentido da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar
3 https://issuu.com/cadernos_de_estudo/docs/cadernos_de_estudo_1



O questionamento sobre a compartimentalização do saber trazido por Gallo propondo a transversalidade do conhecimento e sua chegada à educação dialoga com o problema do saber/poder que refletimos ao pensar em como trazer a cultura popular brasileira para esse campo em uma perspectiva relativista, que segundo Vianna1, se dá pelo esforço constante de conhecer para poder preservar a pluralidade como possibilidade concreta da experiência humana. Vamos assim trazendo fragmentos de conversas, ideias e histórias pescadas do material do museu, conceitos teóricos que problematizam e instigam a refletir sobre a relação educação e cultura e as formas de fazer pensar também a formação escolar. Questões por onde dialoga a experiência lúdica proposta pelo laboratório brinquedoteca e uma prática didática sem hierarquia, em conhecimento junto ao outro, com o outro, desafiando nossa capacidade de emaranhar, desdobrar, sobrepor, colar e descolar. (cf. Daniela Maura)
Nesse caminhar aprendemos também com os mestres populares a abordagem comunitária relacional que se dá em interação direta com o ambiente local, um conhecimento que acontece junto ao outro, fundamentado no repertório imaginário do grupo, para daí saltar para o mundo. Como diz mestre Tião do Bumba meu Boi, é preciso confiança, não ter pressa e não impor nada, eu faço junto, não ensino nada diz ele, vendo aí no processo de entrar na brincadeira a experiência do aprender, onde o conteúdo é consequência da experiência. É uma brincadeira, diz o mestre Zé da Rosa do Maracatu Rural2, de muitos segredos, e ao mesmo tempo não tem nenhum, depende do conhecimento de quem brinca... quem procura saber, conhece, quem não procura , não conhece, depende de quem arruma!
1 Letícia Vianna . Você sabe de quem está falando? ( material do professor, CNFCP/IPHAN)
2 De Nazaré da Mata, Pernambuco, DVD Fazendo Fita 12
 Convite às famílias para conhecer o acervo do museu e brincar
Essa experiência nós a encontramos na história do Pula Boi1 sobre a menina que vem chegando de longe para saber tudo sobre o boi – eu tenho uma tarefa histórica, diz ela, descobrir o grande segredo do Boi Bumbá... e à tardinha volto pra casa com tudo anotado. Mas o boi que a escutava, olhando o pássaro no pé de mandacaru, lembra-se de si mesmo quando menino, que tendo visto e vivido tudo aquilo desde pequeno, passou agora a organizar a festa. A festa era sua história! Para conhecer o segredo, diz ele a menina, você terá que nos acompanhar nos preparativos até o dia da festa. E assim, ao final da brincadeira, percebendo que tudo que vivera ali fez parte da festa, quando o boi pergunta à menina se ainda quer saber o segredo, ela o abraça e diz , não precisa, estarei aqui no próximo ano. O boi mesmo se espantou ao pensar pela primeira vez na vida que a festa tinha seu segredo, um grande mistério. Ouvindo a chuva fina que agora chegava, lembrou das sementes que ele plantara, mas também das sementes invisíveis que ele e todos os brincantes da festa mais uma vez tinham espalhado pelo chão!
1 De Marilda Castanha (ed. Somos Educação) , livro da sala de leitura dos Anos Iniciais do EF e que não faz parte do acervo da mala e Cuia.

Bumba-Meu-Boi-–-Encanto-de-Itapoã-_Foto: Davi-Mello

O Ensino Médio na Brinquedoteca


    TRAZENDO O JOVEM DO ENSINO MÉDIO PARA A CONVERSA nesse espaço que acolhe o corpo e a memória refletindo o lúdico como aprendizagem do desejo.
    Os jogos são desejo... não o desejo de algo que falta mas o desejo do instante que passa e do que está para surgir ... são puro apetite de viver. (M. M. Bousquet)




Registro da professora Sonia Sarmento que ministra a disciplina de Psicologia do Ensino Médio profissionalizante ao trazer à Brinquedoteca os alunos nesse rememorar o impulso lúdico e curioso que nos move a explorar a vida ao acaso.

Percebi que a unidade que estava trabalhando com os alunos – memória , conhecimento, inteligência, percepção e criatividade – poderia ser a deixa para esse encontro na brinquedoteca.
Na entrada do prédio da Educação Infantil, já percebi uma mudança no clima da turma. Ao passar pelo corredor à procura da sala, houve uma euforia inicial com a observação dos trabalhos coloridos dos alunos expostos nas paredes. Ao entrar na sala, todos foram tomados por uma imensa alegria.
Foram quarenta minutos brincando. Ao final, a Cristina propôs falarmos uma palavra sobre o brincar. Ficamos em roda e jogamos um saquinho de areia para um deles, e esse aluno depois de falar uma palavra jogou para outro, e assim por diante.
Ao final, sentamos. Queríamos interferir o mínimo possível, pedimos para eles falarem das brincadeiras da infância. Muitas lembranças, todos tinham alguma história. Nenhum aluno lembrou da hora de ir embora, passamos da hora!
Algumas falas: “Eu entrava no mato. Não tinha medo de me machucar. “ “Eu comia bicho de goiaba” “Meu avô inventou um carrinho. Todo mundo pedia para ele fazer outro igual” “Eu não, eu brincava sozinha, e agora aqui fui brincar sozinha com os blocos de madeira” “Eu e meus primos ficávamos um tempão montando uma casa. Acabávamos brincando com outras coisas que fazíamos. Agora é tudo pronto”.
Perguntamos sobre outras atividades que também dariam esse prazer. Não falaram de trabalho nem de escola. Perguntamos se eles achavam que no trabalho poderiam conseguir isso. E na escola? Não faziam essa relação. Então perguntamos se essa ideia não poderia se constituir num desafio para nós. Os alunos disseram que eles é que deveriam ir às salas dos professores, aos laboratórios, e não os professores irem até as salas dos alunos. “Eu queria uma sala assim, que desse para deitar.”
 

 

 

No encontro posterior que tive com os alunos, todos comentaram que a atividade foi muito boa, que poderíamos voltar à brinquedoteca outra vez. 


2018/2019 – AÇÕES DE INTEGRAÇÃO NA BRINQUEDOTECA – Educação Infantil, Anos Iniciais, Pedagogia e Ensino Médio


ANOS INICIAIS DO EF NA BRINQUEDOTECA 
“A infância até os doze anos” é tema de nossa proposta de integração com Anos Iniciais do EF, em continuidade às ações do projeto Canteiro de Obras, buscando pensar em como prover condições objetivas para que as infâncias, seus tempos, suas lógicas, seus saberes possam ser plenamente reconhecidos, ampliados, valorizados, fortalecidos e desenvolvidos.
A quem interessa aligeirar esse processo?
Quais as consequências para a vida das crianças quando encolhemos o tempo da infância?
Como as questões sobre política e currículo são pensadas nessa arena de disputas?