Pedagogia do olhar-menino[1]
Cristina Muniz (crissotomuniz@gmail.com)
Maria Beatriz Albernaz (albernaz.bia@gmail.com)
A gente só vai entender criança, o ser humano, se a
gente olhar menino. (Lydia
Hortélio)
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De que modo se
relacionam praxis e poiesis; fazer e livre-pensar na escola?
A partir de uma
postura crítica e analítica da instituição,
mas procurando uma via de
convergência entre o conhecimento sensível e o inteligível?
Isto é a pedagogia do olhar-menino.
Giorgio Agamben
(2009) talvez a colocasse no rol dos contradispositivos,
já que –
com essa
postura pedagógica – buscamos a profanação das disposições que distanciam a
criança da possibilidade de um ponto de vista ou perspectiva própria.
A percepção mais
acurada desse olhar aprofunda então o entendimento da experiência de infância:
a apropriação da vivência pela memória; a abertura para aprendizagens
inesperadas, sem instrução, de acordo Walter Benjamin (1995); o aprender
criativo, instaurador de novas lógicas, segundo Beatriz Olarieta (2015).
Referências
AGAMBEN,
Giorgio. “O que é um dispositivo” In: O
que é o contemporâneo e outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Onesko.
Chapecó, SC: Argos, 2009.
BENJAMIN, Walter. Obras
Escolhidas II – rua de mão única. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho e
José Carlos Martins Barbosa. São Paulo: editora Brasiliense, 1995.
OLARIETA, Beatriz. “O que torna ‘infantil’ uma
pesquisa?”. In PEREIRA, SANTOS e LOPES (orgs.). Infância, Juventude e educação práticas e pesquisas em diálogo. Rio
de Janeiro: Nau Editora, 2015.
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Mala de brinquedos
Mala de brinquedos
Na Mala de brinquedos, levada ao recreio das crianças dos anos iniciais da Educação Fundamental, o aprender criativo e a experiência da infância; a perspectiva do olhar-menino que indica uma outra pedagogia, fruto do fazer e do livre-pensar, ainda que nos limites impostos pela instituição escolar.
Bamboleios e embolados
Ora, bolas e bolinhas
Rodinhas
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Teatro
Infantil Proletário (cf. Walter Benjamin)
Enquanto arte efêmera, o teatro é arte infantil.
Assim como o carnaval, a encenação é a grande pausa criativa com
relação ao trabalho educacional e à propaganda de ideias.
Fusão da realidade e do jogo; encenação autêntica; importância do
gesto: inervação criadora em correspondência precisa com a receptiva;
desenvolvimento do gesto por oficinas; improvisação como centro de onde emergem
os sinais, os gestos sinalizadores; manifesta-se de maneira inesperada e única;
diferencia-se do “desempenho” mensurável.
Encenações
fortuitas, interrupções do estudo; resolução de tensões, as verdadeiras
educadoras; inexistência de público superior.
Necessidade de imbecilização para romper com vergonhas; liberação
do verdadeiro gênio da educação: a observação; ação e gesto transformam-se em
sinais de um mundo no qual a criança vive e dá ordens, pois criança vive em seu
mundo como ditador; coração do amor não sentimental, considerando-se que o amor
sentimental faz a criança abdicar do ímpeto e do prazer, procura corrigi-la com
base em uma presumível superioridade intelectual e moral.
[1] VIII
Colóquio Internacional de Filosofia e Educação (UERJ, 2016) - PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO, CORPO E PENSAMENTO
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