segunda-feira, 27 de março de 2017

A mala de brinquedos e a pedagogia do olhar-menino


Pedagogia do olhar-menino[1]
Cristina Muniz (crissotomuniz@gmail.com)
Maria Beatriz Albernaz (albernaz.bia@gmail.com)

            A gente só vai entender criança, o ser humano, se a gente olhar menino. (Lydia Hortélio)
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De que modo se relacionam praxis e poiesis; fazer e livre-pensar na escola?
A partir de uma postura crítica e analítica da instituição,
mas procurando uma via de convergência entre o conhecimento sensível e o inteligível?
Isto é a pedagogia do olhar-menino.
Giorgio Agamben (2009) talvez a colocasse no rol dos contradispositivos, já que –
com essa postura pedagógica – buscamos a profanação das disposições que distanciam a criança da possibilidade de um ponto de vista ou perspectiva própria.
A percepção mais acurada desse olhar aprofunda então o entendimento da experiência de infância: a apropriação da vivência pela memória; a abertura para aprendizagens inesperadas, sem instrução, de acordo Walter Benjamin (1995); o aprender criativo, instaurador de novas lógicas, segundo Beatriz Olarieta (2015).

Referências
AGAMBEN, Giorgio. “O que é um dispositivo” In: O que é o contemporâneo e outros ensaios. Trad. Vinícius Nicastro Onesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.
BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas II – rua de mão única. Trad. Rubens Rodrigues Torres Filho e José Carlos Martins Barbosa. São Paulo: editora Brasiliense, 1995.
OLARIETA, Beatriz. “O que torna ‘infantil’ uma pesquisa?”. In PEREIRA, SANTOS e LOPES (orgs.). Infância, Juventude e educação práticas e pesquisas em diálogo. Rio de Janeiro: Nau Editora, 2015.

TEXTO INTEGRAL: clique AQUI
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Mala de brinquedos 
Na Mala de brinquedos, levada ao recreio das crianças dos anos iniciais da Educação Fundamental, o aprender criativo e a experiência da infância; a perspectiva do olhar-menino que indica uma outra pedagogia, fruto do fazer e do livre-pensar, ainda que nos limites impostos pela instituição escolar.
Bamboleios e embolados

Ora, bolas e bolinhas
Rodinhas
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Teatro Infantil Proletário (cf. Walter Benjamin)  
Enquanto arte efêmera, o teatro é arte infantil.
Assim como o carnaval, a encenação é a grande pausa criativa com relação ao trabalho educacional e à propaganda de ideias.

Fusão da realidade e do jogo; encenação autêntica; importância do gesto: inervação criadora em correspondência precisa com a receptiva; desenvolvimento do gesto por oficinas; improvisação como centro de onde emergem os sinais, os gestos sinalizadores; manifesta-se de maneira inesperada e única; diferencia-se do “desempenho” mensurável.

Encenações fortuitas, interrupções do estudo; resolução de tensões, as verdadeiras educadoras; inexistência de público superior.
Necessidade de imbecilização para romper com vergonhas; liberação do verdadeiro gênio da educação: a observação; ação e gesto transformam-se em sinais de um mundo no qual a criança vive e dá ordens, pois criança vive em seu mundo como ditador; coração do amor não sentimental, considerando-se que o amor sentimental faz a criança abdicar do ímpeto e do prazer, procura corrigi-la com base em uma presumível superioridade intelectual e moral.



[1] VIII Colóquio Internacional de Filosofia e Educação (UERJ, 2016) - PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO, CORPO E PENSAMENTO

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