terça-feira, 15 de outubro de 2019

INTEGRAÇÃO COM A AÇÃO EDUCATIVA DO CENTRO NACIONAL DE FOLCLORE E CULTURA POPULAR (CNFCP)


    Dois projetos itinerantes para escola: “Mala e Cuia”, com acervo de livros; e “Fazendo Fita”, com acervo de música e vídeos.
Com a disciplina Educação em espaços não formais (Pedagogia), os projetos educativos Mala e Cuia e Fazendo Fita foram trazidos para uma primeira imersão, escolher livros e assuntos do interesse de cada um e compartilhar no grupo. Assim, a ideia de desenvolver um projeto próprio acontece nesse processo, que inclui também a participação das crianças quando a disciplina integra os alunos da E. Infantil e Anos Iniciais nesses encontros. Os textos do material do professor do CNFCP, livros e vídeos do projeto1, juntamente com texto de Silvio Gallo2 e Daniela Maura ( a partir da leitura de Hannah Higgins, “Aprender e Ensinar como formas de arte”) 3 , próprios da disciplina, foram juntamente com essas conversas e encontros pontuando questões e alinhavando projetos.
1 Bumba meu Boi vídeo mais compartilhado https://youtu.be/yLo-3yKaslA
2 Gallo S. Do livro: ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite (orgs.) O Sentido da Escola. Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Transversalidade e educação: pensando uma educação não-disciplinar
3 https://issuu.com/cadernos_de_estudo/docs/cadernos_de_estudo_1



O questionamento sobre a compartimentalização do saber trazido por Gallo propondo a transversalidade do conhecimento e sua chegada à educação dialoga com o problema do saber/poder que refletimos ao pensar em como trazer a cultura popular brasileira para esse campo em uma perspectiva relativista, que segundo Vianna1, se dá pelo esforço constante de conhecer para poder preservar a pluralidade como possibilidade concreta da experiência humana. Vamos assim trazendo fragmentos de conversas, ideias e histórias pescadas do material do museu, conceitos teóricos que problematizam e instigam a refletir sobre a relação educação e cultura e as formas de fazer pensar também a formação escolar. Questões por onde dialoga a experiência lúdica proposta pelo laboratório brinquedoteca e uma prática didática sem hierarquia, em conhecimento junto ao outro, com o outro, desafiando nossa capacidade de emaranhar, desdobrar, sobrepor, colar e descolar. (cf. Daniela Maura)
Nesse caminhar aprendemos também com os mestres populares a abordagem comunitária relacional que se dá em interação direta com o ambiente local, um conhecimento que acontece junto ao outro, fundamentado no repertório imaginário do grupo, para daí saltar para o mundo. Como diz mestre Tião do Bumba meu Boi, é preciso confiança, não ter pressa e não impor nada, eu faço junto, não ensino nada diz ele, vendo aí no processo de entrar na brincadeira a experiência do aprender, onde o conteúdo é consequência da experiência. É uma brincadeira, diz o mestre Zé da Rosa do Maracatu Rural2, de muitos segredos, e ao mesmo tempo não tem nenhum, depende do conhecimento de quem brinca... quem procura saber, conhece, quem não procura , não conhece, depende de quem arruma!
1 Letícia Vianna . Você sabe de quem está falando? ( material do professor, CNFCP/IPHAN)
2 De Nazaré da Mata, Pernambuco, DVD Fazendo Fita 12
 Convite às famílias para conhecer o acervo do museu e brincar
Essa experiência nós a encontramos na história do Pula Boi1 sobre a menina que vem chegando de longe para saber tudo sobre o boi – eu tenho uma tarefa histórica, diz ela, descobrir o grande segredo do Boi Bumbá... e à tardinha volto pra casa com tudo anotado. Mas o boi que a escutava, olhando o pássaro no pé de mandacaru, lembra-se de si mesmo quando menino, que tendo visto e vivido tudo aquilo desde pequeno, passou agora a organizar a festa. A festa era sua história! Para conhecer o segredo, diz ele a menina, você terá que nos acompanhar nos preparativos até o dia da festa. E assim, ao final da brincadeira, percebendo que tudo que vivera ali fez parte da festa, quando o boi pergunta à menina se ainda quer saber o segredo, ela o abraça e diz , não precisa, estarei aqui no próximo ano. O boi mesmo se espantou ao pensar pela primeira vez na vida que a festa tinha seu segredo, um grande mistério. Ouvindo a chuva fina que agora chegava, lembrou das sementes que ele plantara, mas também das sementes invisíveis que ele e todos os brincantes da festa mais uma vez tinham espalhado pelo chão!
1 De Marilda Castanha (ed. Somos Educação) , livro da sala de leitura dos Anos Iniciais do EF e que não faz parte do acervo da mala e Cuia.

Bumba-Meu-Boi-–-Encanto-de-Itapoã-_Foto: Davi-Mello

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