Dois
projetos itinerantes para escola: “Mala e Cuia”, com acervo de
livros; e “Fazendo Fita”, com acervo de música e vídeos.
Com
a disciplina Educação em espaços não formais (Pedagogia), os
projetos educativos Mala e Cuia e Fazendo Fita foram trazidos para
uma primeira imersão, escolher livros e assuntos do interesse de
cada um e compartilhar no grupo. Assim, a ideia de desenvolver um
projeto próprio acontece nesse processo, que inclui também a
participação das crianças quando a disciplina integra os alunos da
E. Infantil e Anos Iniciais nesses encontros. Os textos do material
do professor do CNFCP, livros e vídeos do projeto1,
juntamente com texto de Silvio Gallo2
e Daniela
Maura ( a partir da leitura de Hannah Higgins, “Aprender e Ensinar
como formas de arte”) 3
, próprios da disciplina, foram juntamente com essas conversas e
encontros pontuando questões e alinhavando projetos.
2
Gallo S. Do
livro: ALVES, Nilda; GARCIA, Regina Leite (orgs.) O
Sentido da Escola.
Rio de Janeiro: DP&A, 2000. Transversalidade
e educação: pensando uma educação não-disciplinar
3
https://issuu.com/cadernos_de_estudo/docs/cadernos_de_estudo_1
O
questionamento sobre a compartimentalização do saber trazido por
Gallo propondo a transversalidade do conhecimento e sua chegada à
educação dialoga com o problema do saber/poder que refletimos ao
pensar em como trazer a cultura popular brasileira para esse campo em
uma perspectiva relativista, que segundo Vianna1,
se dá pelo
esforço constante de conhecer para poder preservar a pluralidade
como possibilidade concreta da experiência humana. Vamos
assim trazendo fragmentos de conversas, ideias e histórias pescadas
do material do museu, conceitos teóricos que problematizam e
instigam a refletir sobre a relação educação e cultura e as
formas de fazer pensar também a formação escolar. Questões por
onde dialoga a experiência lúdica proposta pelo laboratório
brinquedoteca e uma prática didática sem hierarquia, em
conhecimento junto ao outro, com o outro, desafiando nossa capacidade
de emaranhar, desdobrar, sobrepor, colar e descolar. (cf. Daniela Maura)
Nesse
caminhar aprendemos também com os mestres populares a abordagem
comunitária relacional que se dá em interação direta com o
ambiente local, um conhecimento que acontece junto ao outro,
fundamentado no repertório imaginário do grupo, para daí saltar
para o mundo. Como diz mestre Tião do Bumba meu Boi, é preciso
confiança, não ter pressa e não impor nada, eu
faço junto, não ensino nada
diz ele, vendo aí no processo de entrar na brincadeira a
experiência do aprender, onde o conteúdo é consequência da
experiência.
É uma brincadeira,
diz o mestre Zé da Rosa do Maracatu Rural2,
de
muitos segredos, e ao mesmo tempo não tem nenhum, depende do
conhecimento de quem brinca... quem procura saber, conhece, quem não
procura , não conhece, depende de quem arruma!
1
Letícia Vianna . Você sabe de quem está falando? ( material do
professor, CNFCP/IPHAN)
2
De Nazaré da Mata, Pernambuco, DVD Fazendo Fita 12
Convite às famílias para conhecer o acervo do museu e brincar
Essa
experiência nós a encontramos na história do Pula Boi1
sobre a menina que vem chegando de longe para saber tudo sobre o boi
– eu
tenho uma tarefa histórica, diz
ela, descobrir
o grande segredo do Boi Bumbá... e à tardinha volto pra casa com
tudo anotado. Mas
o boi que a escutava, olhando o pássaro no pé de mandacaru,
lembra-se de si mesmo quando menino, que tendo visto e vivido tudo
aquilo desde pequeno, passou agora a organizar a festa. A festa era
sua história! Para
conhecer o segredo,
diz ele a menina, você
terá que nos acompanhar nos preparativos até o dia da festa. E
assim, ao final da brincadeira, percebendo que tudo que vivera ali
fez parte da festa, quando o boi pergunta à menina se ainda quer
saber o segredo, ela o abraça e diz , não
precisa,
estarei
aqui no próximo ano.
O boi mesmo se espantou ao pensar pela primeira vez na vida que a
festa tinha seu segredo, um grande mistério. Ouvindo a chuva fina
que agora chegava, lembrou das sementes que ele plantara, mas também
das sementes invisíveis que ele e todos os brincantes da festa mais
uma vez tinham espalhado pelo chão!
1
De Marilda Castanha (ed. Somos Educação) , livro da sala de
leitura dos Anos Iniciais do EF e que não faz parte do acervo da
mala e Cuia.
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Bumba-Meu-Boi-–-Encanto-de-Itapoã-_Foto: Davi-Mello
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